Muita gente tem dúvida do que fazer com o equipamento eletrônico velho (computador, televisão, celular) que quebra ou é trocado por um mais novo e moderno. Esses tipos de produtos possuem metais em sua composição e seu descarte incorreto pode trazer grandes impactos negativos ao meio ambiente, como a contaminação do solo.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos, criada em 2010, estabelece a elaboração de uma logística reversa para que seja descartado esse tipo de lixo, isto é, quem fabricou o produto deve recebê-lo de volta após o fim de sua vida útil.
O coordenador de Resíduos Sólidos e do Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema), Marcos Almeida, explica que, atualmente, o Ministério do Meio Ambiente debate com setor produtor a maneira de se criar a logística para se recolher o resíduo eletroeletrônico, conforme prevê a Política Nacional de Resíduos Sólidos. “Estabelece que tenhamos locais para devolver esses resíduos para que ele volte para essa cadeia”, disse.
Essa cadeia envolve a indústria produtora, o distribuidor, o vendedor e o consumidor. Dessa forma o fabricante, que produziu o eletroeletrônico, o recebe após o fim de sua vida útil, quando é conhecido como resíduo. Entre eles, estão o responsável pela distribuição e pela venda.
A legislação coloca o aterro sanitário como o local tecnicamente preparado para receber os resíduos, porém para manter a vida útil do aterro, é feito um tratamento nesse material para tentar reaproveitar e reciclar o máximo dos metais possíveis, para que sejam reutilizados. “Só a parte que não consegue tratar que vai para o aterro”, destaca a professora do programa de mestrado em engenharia e desenvolvimento sustentável da Ufes, Luciana Yamane. Esse material é chamado de rejeito.
“É necessário realizar a coleta, desmontagem, separação, limpeza, descontaminação, trituração, compactação, embalagem e destinação dos resíduos”, explica a relações públicas do Grupo Ideias, Tereza Romero. “A maioria destes produtos apresenta em sua composição algumas substâncias perigosas (como arsênico, benzeno e cromo, todos reconhecidamente cancerígenos) e sua disposição no solo, em aterros ou lixões coloca em risco a saúde e o meio ambiente, portanto, é necessário um tratamento diferenciado que requer a utilização de tecnologias avançadas”, conta.
Empresa coleta 300 toneladas de eletrônicos, em quatro anos
A empresa ES Ambiental realiza o serviço de coleta de materiais eletroeletrônicos no Estado. Ela possui pontos de coleta na Grande Vitória e também em municípios do interior, além de a pessoa que deseja se desfazer do equipamento antigo poder agendar a busca do produto em casa, nos casos de grandes quantidades.
O biólogo e proprietário da empresa, Elber Tesch, conta que a ES Ambiental foi criada em 2010. Em cerca de quatro anos e meio de existência, a empresa já coletou aproximadamente 300 toneladas de resíduos eletroeletrônicos. “A gente avalia se tem como aproveitar as peças do eletroeletrônico. Se puder, temos a venda. O que não dá, porque está com defeito ou obsoleto, manda para reciclagem”, disse ele.
A empresa não destina seus resíduos ao aterro, sempre dando uma reutilização aos materiais recolhidos. O serviço, em geral, é de graça – apenas, em alguns casos, a empresa pode se oferecer para comprar um material ou cobrar pelo recolhimento.
ES no caminho para estabelecer logística
No Espírito Santo, os setores foram convocados pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Seama) e do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), através de edital a apresentarem propostas para a Logística Reversa.
Foram chamados os setores de óleo lubrificante automotivo; filtro de óleo lubrificante automotivo; baterias automotivas; pilhas e baterias; produtos eletroeletrônicos; lâmpadas fluorescentes de vapor de sódio; pneus; medicamentos e produtos farmacêuticos de uso humano; produtos farmacêuticos de uso veterinário; filtro de ar automotivo; além de setores de produtos que geram embalagens plásticas, metálicas ou de vidro, tais como alimentos, bebidas, produto de higiene pessoal, produto de limpeza, embalagens de medicamentos, embalagens de medicamentos de uso veterinário.
Responderam ao edital os setores de pneus, embalagens de óleo lubrificante, filtros de óleo lubrificante, eletroeletrônicos, celulares, lâmpadas, embalagens em geral e medicamentos. As propostas estão em fase de análise. A intenção é firmar um termo de compromisso de logística reversa.
No tocante aos eletroeletrônicos, o coordenador de Recursos Sólidos do Iema explica que o Espírito Santo possui cadeia de distribuição e consumo, não há empresas de grande porte para produção desses produtos.
Como descartar o lixo eletrônico
ES Ambiental
– Na Grande Vitória, a empresa possui dois pontos de coleta. No CET Faesa (na Avenida Vitória, na capital) e no Shopping Mestre Álvaro, na Serra.
– Em Linhares, na sede da empresa, localizada na Avenida Conceição da Barra, n° 1050, bairro Araçá.
– Em Aracruz, na Faculdade Faacz (Rua Professor Berilo Basílio dos Santos, 180 – Centro)
– Em Colatina, na sede do Projeto Renovetec (na Incubadora do bairro Ayrton Senna).
A pessoa também pode ligar para os telefones (27) 3264-0071 e (27) 99993-3984 para agendar a busca dos equipamentos (quantidades grandes) ou entrar no site www.esambiental.com.br para mais informações.
Prefeituras
Vila Velha – A Prefeitura de Vila Velha informa que não cabe ao poder público o recolhimento de lixo eletrônico. De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, as empresas produtoras e as lojas que comercializam estes produtos precisam se organizar para fazer a logística reversa.
Aos moradores do município, a Prefeitura oferece o serviço do Cata-Móveis. O cidadão liga para a Ouvidoria, no telefone 0800 283 9059 e agenda uma data para recolhimento de pequenas quantidades de os aparelhos eletrônicos.
Vitória – O morador pode agendar pelo Fala Vitória 156 a coleta de móveis e eletrodomésticos.
Serra – A Prefeitura da Serra disponibiliza o serviço de recolhimento de móveis e eletrodomésticos pelo projeto João de Barro, em Novo Porto Canoa. O cidadão pode agendar a coleta pelo telefone 3341-4153 ou levar o objeto até o ecoposto. O local também serve para a destinação temporária de resíduos da construção civil de carroceiros e pequenos geradores da região, aquele que gera até 1 M³ de resíduos. O material reciclável é destinado às associações de catadores do município e os móveis em boas condições de uso são doados.
Cariacica – A responsabilidade da logística reversa do livro eletrônico cabe aos fabricantes e revendedores. A prefeitura realiza ações isoladas de recolhimento para a conscientização dos munícipes.
Fonte: Jornal ES Hoje – Leone Oliveira (leone@eshoje.com.br)
São poucos os locais de recolhimento.