Hidrômetros individuais e descarga com caixa acoplada permitem economia.
Estudo conclui que condição financeira de moradores interfere no consumo.
Um levantamento feito em Vitória mostrou que o uso de hidrômetros individuais e descarga com caixa acoplada pode gerar uma economia de até 30% no consumo de água. A pesquisa feita pelo departamento de Engenharia Ambiental da Universidade Federal do Espírito Santo(Ufes) realizou estudos em bairros da capital do estado. Os pesquisadores também concluíram que o reúso da água e a condição financeira dos moradores também interferem no consumo de água.
Segundo o estudo, a medição com hidrômetro individualizado pode ferar uma economia de 15% nos condomínios. Se esses prédios ainda contarem com descarga com caixa acoplada a redução chega a 30%.
O professor que coordenou o grupo de pesquisadores, Ricardo Franci, explicou que os dados foram extraídos de alguns bairros de Vitória. “Foram 18 edificações entre Mata da Praia e Jardim da Penha. Separamos os prédios em três grupos”, explicou.
Um deles eram construções apenas com medição individualizada. O outro grupo tinha também a caixa acoplada na descarga. O terceiro, não tinha nenhuma das duas estruturas. Além disso, eles também consideraram residenciais com e sem mecanismos de reúso.
O grupo também analisou outros bairros, levando em consideração diferentes critérios. O estudo mostrou, por exemplo, que o reúso da água e a condição financeira dos moradores também interferem no consumo de água.
Na Praia do Canto, por exemplo, o monitoramento foi feito em seis prédios. Onde havia reutilização de água das chuvas, o gasto com água era de 170 litros por pessoa por dia. Já os que não possuíam esse mecanismo tinham um consumo acima de 220 litros por morador, chegando a 280. O recomendado pela Organização das Nações Unidas (ONU) é de 120 litros.
Outro bairro monitorado foi a Ilha do Frade. Cerca de seis casas, onde moravam alunos da Ufes que participavam do grupo de pesquisa, tiveram o gasto controlado e o resultado surpreendeu. Por dia, são gastos até 400 litros por morador.
“As descargas são antigas, o que pode aumentar o consumo em até quatro vezes. Outra coisa é que, nessas residências, podem haver superduchas, que gastam até 12 litros por minuto, enquanto um chuveiro elétrico comum despeja três litros e meio nesse tempo”, ressaltou Franci.
Além disso, há os gastos com irrigação do jardim, limpeza de piscina e lavagem de carros. “Se a conta de água não pesa muito no orçamento da família, não há incentivo para economizar”, comentou o professor.
Periferia
De acordo com o levantamento, em bairros periféricos, a economia de água é maior do que nos bairros considerados nobres e o consumo fica bem abaixo do recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Os pesquisadores realizaram medições nos bairros Jabaeté e Zumbi de Palmares, ambos em Vila Velha.
Em Jabaeté, foram 30 casas monitoradas, que registraram um consumo de 79 litros por pessoa por dia. Já em Zumbi, a média foi de 100 litros em 80% das residências da localidade.
O baixo gasto, assim como acontece com o alto consumo na Ilha do Frade, também espelha a condição social da população local. “Setenta e nove litros por dia é baixíssimo. Eles se controlam para pagar de R$ 20 a R$ 30 pela água, porque isso faz diferença no orçamento deles. Irrigar jardim, por exemplo, nem pensar”, apontou o professor Ricardo Franci.
Em Zumbi de Palmares, a situação é ainda mais precária. Isso porque 30% das casas não tinham banheiro adequado. “Nem mesmo bacia sanitária possuíam”, disse o professor.
Mas as más condições da construção também influenciam para que haja um desperdício. “Na maioria das favelas, as habitações é mal construídas. Há muitos vazamentos e é comum a perda de água”, concluiu.
Hudson é síndico de um condomínio de Vila Velha e mobilizou a instalação de hidrômetros individualizados (Foto: Fernando Madeira/ A Gazeta)
Fonte: * Com colaboração de Carla Sá, de A Gazeta.