Caso as obras de contenção do rompimento na barragem não sejam concluídas, temporada de chuvas em Mariana (MG) pode criar nova onda de 2 milhões de m³ de lama
A presidente do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Suely Araújo, afirmou ao jornal Valor Econômico que, em um cenário de chuva forte, uma nova onda de rejeitos de minério da barragem da Samarco, em Mariana (MG), pode ameaçar mais uma vez o Rio Doce e chegar até o litoral capixaba.
A informação foi divulgada nesta terça-feira (25), durante a apresentação de um balanço das ações e problemas ainda existentes após um ano da tragédia com a mineradora, que deixou 19 mortos. A corrida agora é para que as obras de contenção na barragem da Samarco, que estão atrasadas, fiquem prontas antes da temporada de chuvas que deve atingir a região.
Segundo Suely Araújo, a previsão, no pior dos cenários, é de um volume de 2 milhões de metros cúbicos de rejeitos de lama passando pelo Espírito Santo. A estimativa da Samarco é de que a “primeira onda” de rejeitos tiveram 32 milhões de metros cúbicos de lama foram escorridos pelo leito do Rio Doce. Ainda restam 13 milhões de metros cúbicos de rejeitos no que restou do reservatório de Fundão, que foi rompido em novembro.
“Os órgãos ambientais estão trabalhando desde o início com essa possibilidade de cenário pessimista de, na época da chuva, poder ocorrer passagem de lama”, disse Suely na manhã de ontem em Belo Horizonte. “Não tenho bola de cristal, mas provavelmente sim”, disse ela ao ser perguntada pelo Valor se nesse cenário de chuvas acima das médias históricas a lama chegaria ao litoral capixaba.
A empresa diz manter equipes trabalhando 24 horas por dia na construção de uma série de barreiras e diques para conter eventuais deslizamentos de lama e rejeito neste período de chuvas e o carreamento desse material pelos rios. E diz que a maioria das obras estará pronta até o fim do ano.
A Samarco ainda enfrenta um novo rebaixamento pela agência de classificação de risco S&P Global. A nota da empresa caiu de ‘CC’ para ‘D’ no rating da emissão de notas sênior com vencimento para 2023, o que é considerado calote. Na segunda-feira (24), venceu o prazo para que a Samarco pagasse os juros dos títulos.
A Samarco tem agora mais 30 dias para fazer o pagamento, mas dada sua atual situação difícil e a classificação de calote, o cumprimento dessas obrigações parece improvável, segundo a S&P. A agência já havia rebaixado a nota da empresa em 28 de setembro, quando ela não pagou os juros de notas com vencimento em 2024.
Fonte: Com informações do jornal Valor Econômico