Patrick Curran, CEO da Atlantis Technologies, cumpre agenda de visitas a empresas capixabas apresentando o sistema de dessalinização de águas residuais de baixo custo aos possíveis investidores.
Por Cássia Rocha
Cerca de 1,1 bilhão de pessoas em todo o mundo não têm acesso a água potável de acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU). A água doce, potável e de qualidade, está distribuída de forma irregular, diante deste cenário, tecnologias de dessalinização ganham cada vez mais relevância na contra a escassez hídrica.
O diretor de tecnologia e CEO da Atlantis Technologies, Patrick Curran, está em solo capixaba até o próximo dia 30 para apresentar a tecnologia desenvolvida por ele. A empresa localizada em Dana Point, na Califórnia e é pioneira no desenvolvimento de um sistema de dessalinização de águas residuais de baixo custo, o Sistema de Dessalinização RDI, que usa um supercapacitor para dessalinizar a água produzida para as indústrias e municipais.
A metodologia consiste em supercapacitores que produzem campos eletromagnéticos que tiram os íons da água, em oposição aos métodos tradicionais de dessalinização que tiram a água do sal, essa tecnologia retira o sal da água podendo processar até 100 litros por minuto. Dentre as principais vantagens da tecnologia, estão o baixo consumo de energia e a redução da quantidade de rejeitos gerados no processo de dessalinização em comparação aos métodos convencionais, como a osmose reversa, por exemplo, que gera metade do material de rejeito.
O equipamento conta com bombas de baixa pressão, que reduzem consideravelmente o gasto energético e o resultado de aproveitamento é de cerca de 85%, o que significa um nível baixo de rejeitos (15%) colaborando também para a redução dos custos de destinação final. Além disso, a limpeza do equipamento desprende de menos materiais que os métodos convencionais de dessalinização. “Minha tecnologia se tornou atraente porque é mais barata e mais econômica também, gasta-se menos químicos para realizar a limpeza dos equipamentos e produz mais água limpa, dependendo do estado da água de entrada, o nível de aproveitamento chega a 90%”, declara Patrick Curran.
O diretor de tecnologia afirma que outro diferencial da nova tecnologia é a possibilidade de adequação aos espaços, o que demanda uma área geográfica menor para o exercício do maquinário. “O equipamento pode ser construído de várias formas, como é modular pode ser estruturado tanto para cima, quanto para os lados, então, geralmente fica mais compacto que as outras tecnologias existentes”, diz.
Aplicações da tecnologia já contam com versões presentes no sertão brasileiro, grande benefício para o local que passa por frequente escassez hídrica.
Patrick Curran deve retornar ao Brasil em outubro deste ano, pois será um dos palestrantes do II Seminário Nacional de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental a convite da empresa Agualev (empresa de tecnologias de tratamento de água), que é parceira da Atlantis e exclusiva representante no Brasil, com capacidade para atender o mercado nacional e da América Latina. O evento será realizado pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES), Seção Espírito Santo entre os dias 17 e 19 de outubro.
Expectativas para o Reúso de Água e Setor de Tratamento de Efluentes
A tecnologia despertou grande interesse nas empresas brasileiras devido a utilização para fins de otimização de água de reúso. Curran visitou hoje a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) de Araçás, em Vila Velha, que funciona em Parceria Público-Privada entre a empresa Aegea e a Companhia Espírito-Santense de Saneamento (Cesan). No local, uma equipe acompanhou a apresentação, assistiu à demonstração de funcionamento do sistema e realizou testes de salinidade nas águas de entrada e de saída do processo para constatação da eficiência do equipamento.
Sobre a expectativa em torno da importação da tecnologia para as ETEs do estado, Analine Gomes, tecnóloga em Saneamento e supervisora das ETEs gerenciadas pela Aegea no município de Serra, afirma que o impacto ambiental benéfico é bastante significativo, visto que a empresa deixa de destinar efluentes tratados a um corpo receptor, além disso evita o consumo de água potável que pode ser utilizada para fins mais nobres, como por exemplo o abastecimento da população.
Analine Gomes ressalta ainda a relevância econômica de investir em um sistema que otimize a água de reuso. “Ao invés de destinar o efluente tratado diretamente a um corpo receptor, esse sistema nos permite gerar uma receita através da venda da água de reuso para grandes indústrias, que utilizam água para fins menos nobres e com essa tecnologia, conseguimos atender aos padrões previstos e especificações técnicas exigidos por essas empresas”, salienta a tecnóloga.
Cássia Rocha é graduanda em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Espírito Santo, técnica em Meio Ambiente e estagiária de Comunicação na ABES -ES.