Segundo o Iema, a preocupação é que as manchas cheguem ao litoral sul da Bahia, onde as correntes marinhas incidem em direção ao Espírito Santo
As manchas de óleo que atingem 133 praias do litoral Nordeste do Brasil podem chegar a costa do Espírito Santo, segundo o oceanógrafo e coordenador do curso de graduação da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Agnaldo Martins.
De acordo com o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), atualmente, o norte da Bahia é o ponto mais próximo do Espírito Santo, que há registro de manchas de óleo.
Segundo o especialista, o risco é real, mas como trata-se de uma área muito grande, as manchas podem se dispersar e o material pode chegar em quantidades menores ao litoral capixaba.
Agnaldo explicou que a origem do material, ainda desconhecida, dificulta o processo de monitoramento das manchas. “O ideal é que fosse realizado o monitoramento aéreo, mas é muito caro. Como o óleo vem de área desconhecida, fica difícil monitorar. Esse tipo de acidente é esporádico, por isso esse tipo de monitoramento é mais difícil”.
Sobre os impactos ambientais provocados pelo vazamento de óleo, o especialista disse que o maior risco é físico e o material pode obstruir a respiração, tanto de animais marinhos, como de seres humanos. Outro problema observado é nas aves, que em contato com o óleo, podem ter até problema de deslocamento.
“O óleo não intoxica, porque ele existe na natureza. Apesar de não intoxicar diretamente o ser humano ou o animal, em contato com a pele ele obstrui a troca de oxigênio e impede a respiração. O material acaba cobrindo os corais, que não conseguem respirar. Outro problema é que o óleo faz as manchas de piche, que alguns animais ingerem”.
Por meio de nota, o Iema informou que a equipe técnica do órgão está monitorando o acidente na costa do Nordeste. Segundo o órgão, até a presente data não é possível confirmar que o material atingiu algum ponto da costa capixaba. “A preocupação é se este material chegar até a região sul da Bahia, onde as correntes marinhas incidem, preferencialmente, em direção ao Espírito Santo, o que em tese poderia trazer este resíduo até o Estado, de acordo com Carta de Sensibilidade Ambiental a Derramamento de Óleo no Mar (Carta SAO), que é a base de fornecimento de informações de todos os parâmetros oceanográficos”, diz a nota.
Fonte: Folha Vitória