Estrutura está se movimentando cerca de quatro centímetros por dia. Moradores da cidade fizeram um simulado de emergência.
O talude norte da cava da Mina Gongo Soco, em Barão de Cocais, na Região Central de Minas Gerais, pode se romper, de acordo com a Mineradora Vale.
O tremor gerado pelo colapso da estrutura poderia causar uma reação em cadeia provocando o rompimento da Barragem Superior Sul que está 1,5 km abaixo e em nível máximo de alerta.
Segundo a Defesa Civil Estadual, não é possível mensurar o tamanho da estrutura que pode ruir, mas o colapso pode gerar um abalo. Ainda de acordo com o órgão, um abalo pode provocar um gatilho para liquefação e com isso a Barragem Sul Superior se romper. Em nota, a Vale disse que continua monitorando o talude norte 24 horas por dia.
Em fevereiro, 443 moradores da chamada zona de autosalvamento, a primeira a ser atingida por uma possível onda de rejeitos, já foram retirados de suas casas em fevereiro, quando o nível de segurança da barragem foi elevado para 2. Em março, o nível chegou para três.
Outras cerca de seis mil pessoas estão dentro da zona secundária de salvamento (ZSS), a quase 16 quilômetros do complexo de Gongo Soco. Neste perímetro, a onda de rejeitos pode chegar em cerca de uma hora e 12 minutos. Um simulado de emergência foi feito neste sábado por causa de um possível rompimento da barragem.
Barragem Sul Superior fica na Mina Gongo Soco, em Barão de Cocais, na Região Central de MG — Foto: Reprodução/TV Globo
O Ministério Público de Minas Gerais expediu, no último dia 16, uma recomendação à Vale para q ue a mineradora mantenha a população de Barão de Cocais informada sobre os riscos, danos e impactos de um possível rompimento.
A Justiça de Minas Gerais pode multar a Vale em R$ 300 milhões por descumprir determinação de apresentar estudo completo com impactos e danos de um possível rompimento da Barragem Sul Superior. A decisão obriga a mineradora a apresentar o chamado “dam break” em até 72 horas.
Em nota, a Vale disse que apresentou relatório mais atualizado de dam break da Barragem Sul Superior no prazo determinado pela justiça. A mineradora disse que explicou, naquela oportunidade, a adequação dos critérios técnicos. A empresa alegou ainda não ter sido intimada de qualquer decisão quanto a eventual descumprimento da decisão liminar.
Moradores de Barão de Cocais se reúnem em ponto de encontro durante treinamento simulado de fuga em caso de rompimento de barragem — Foto: Reprodução/TV Globo
Simulado
Menos de 30% dos cerca de seis mil moradores de Barão de Cocais participaram do simulado de rompimento da Barragem Sul Superior da Mina Gongo Soco, da mineradora Vale, realizado no dia 18 de maio. Seis mil pessoas eram esperadas.
O tenente-coronel Flávio Godinho, da Defesa Civil Estadual, muitas pessoas deixaram de participar deste simulado porque disseram que já haviam participado do primeiro e que já conhecem as rotas de fuga. Ele considerou que, apesar da baixa participação, a mobilização foi grande na cidade e que a simulação atingiu o objetivo.
Este é o segundo treinamento de evacuação de áreas de risco na cidade neste ano. O primeiro foi feito em 25 de março, quando a barragem entrou em alerta máximo com o nível elevado para 3.
No primeiro simulado, 3,6 mil pessoas participaram, o que representou cerca de 60% do total. No último dia 18, segundo a Defesa Civil de Minas Gerais, foram somente 26,75%, que representa cerca de 1,6 mil pessoas.
Às 15h, carros de som espalhados na cidade alertavam para o início do treinamento. Dentro da mineradora, as sirenes foram acionadas no mesmo horário.
O simulado também foi feito em um tempo maior do que a primeira experiência. Em março, foram necessários 32 minutos para reunir todos as pessoas em pontos de encontro na cidade. Já neste sábado, foram necessários 43 minutos para colocar todos os participantes em pontos seguros.
Obras de contenção na barragem
A Vale informou que começou, no dia 16 de maio, a terraplenagem para a construção de uma contenção de concreto a seis quilômetros abaixo da barragem Sul Superior. O objetivo da estrutura é reter grande parte do volume de rejeitos caso a barragem se rompa.
Além disso, a mineradora está instalando telas metálicas e posicionando de blocos de granito para reforçar esta barreira física contra um possível vazamento da barragem.
Os cerca de seis mil moradores estão dentro da zona secundária de salvamento (ZSS). Neste perímetro, a onda de rejeitos pode chegar em cerca de uma hora e 12 minutos. Outros 443 moradores da zona de autosalvamento já foram retirados de suas casas em fevereiro, quando o nível de segurança da barragem foi elevado para 2. Já em março a estrutura entrou em alerta máximo de rompimento com o nível elevado para 3.
A Defesa Civil afirmou que já tem uma equipe de plantão na cidade. Disse também que Barão de Cocais está toda sinalizada com as rotas de fuga e que a Prefeitura inclusive teve a iniciativa de pintar os caminhos nas vias.
Fonte: G1 MG