Terceira edição do evento, gratuito, será no próximo domingo e aberto a todos os interessados
Um grande trabalho ecológico voluntário será a programação da manhã do próximo domingo (21) para um contingente de pessoas comprometidas em tornar a capital capixaba – e o planeta – um lugar mais limpo, saudável e bonito para viver.
A 3ª Ação Coletiva em Prol da Vida Marinha será realizada no Manguezal de Maria Ortiz, protegido pela Estação Ecológica Ilha do Lameirão. Com área de 891,8 hectares, é um dos maiores e mais belos manguezais urbanos do mundo, omo destaca a página no Facebook dedicada ao evento.
A concentração será às 8h no ponto final do bairro, onde existe um ponto viciado de lixo. A ideia é, além de limpar o local, promover uma mudança duradoura do atual uso, seja por meio de placa informativas ou plantio de mudas. Dali, os voluntários seguirão para a Estação Ecológica do Lameirão, onde barcos e garis da prefeitura darão apoio nas áreas de acesso mais difícil.
A iniciativa é do Instituto O Canal, com apoio da Sea Shepherd Brasil e de outras 19 organizações, entre elas as ONGs Últimos Refúgios, Ecomaris, Voz da Natureza e Instituto Marcos Daniel, coletivos como o Amigos da Jubarte e Casa Verde, praticantes de esportes aquáticos como canoa havaiana e stand up, além da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) e Prefeitura Municipal de Vitória (PMV).
Os interessados em participar podem chegar no lugar e local combinados, munidos de tênis, protetor solar e bonés, onde receberão luvas e utensílios para atuar. A participação é livre e gratuita.
O intuito do projeto é passar pelas praias e ilhas de Vitória, explica o produtor cultural e ambientalista Sandro Firmino, presidente do Instituto O Canal e idealizador da ação.
A 1ª Ação aconteceu na Curva da Jurema e arredores e recolheu uma tonelada de lixo, com o qual os voluntários fizeram um grande desenho de baleia na areia da praia.
A 2ª Ação aconteceu a pedido da comunidade de Jesus de Nazareth e retirou duas toneladas de resíduos, que foram transformados em uma escultura de tartaruga.
Em Mariz Ortiz, a intenção é reunir o material coletado em um desenho de caranguejo, em homenagem ao caranguejo-uçá, espécie mais populosa na região, e cujo defeso está em pleno curso, para assegurar sua reprodução.
Na visita técnica realizada recentemente pelas entidades no manguezal, Sandro conta que foi possível ver a permanência de uma manilha que lança efluentes no manguezal, a mesma denunciada por ele há quase três anos, por jorrar esgoto in natura no local.
Um crime ambiental gravíssimo, ressalta o ambientalista, já que o Lameirão é um berçário da vida marinha e habitat de muitas espécies, de peixes, mariscos, aves e outros. Entre eles, Sandro destaca o “colheireiro”, uma ave migratória de cor rosada e com bico em forma de colher. “É uma ave muito bonita e carismática, que pode se transformar uma espécie-símbolo para a proteção do manguezal”, sugere.
Treinamento
Em maio, a expectativa é de que Vitória receba um treinamento da Sea Shepherd Brasil, a maior organização de defesa do fundo do mar do mundo, sobre retirada de lixo submerso.
Nossa casa comum
A intenção é mesmo ampliar as parcerias em prol da natureza. “Estamos falando da nossa casa, de espécies endêmicas, do nosso planeta. A gente precisa cuidar da nossa casa”, convida.
Segundo reportagem publicada no Conexão Planeta do último dia 9, por Suzana Camargo, a cada ano, mais de 8 milhões de toneladas de plástico acabam nos oceanos, provocando prejuízos à vida marinha, à pesca e ao turismo. O custo desses danos aos ecossistemas aquáticos gira em torno de, pelo menos, US$ 8 bilhões por ano.
Só em 2016, a produção mundial de materiais plásticos foi de 280 milhões de toneladas, das quais cerca de 1/3 eram de uso único, aqueles descartáveis, que após poucos minutos de utilização, são jogados no lixo e, raramente, reciclados.
Os dados, prossegue a reportagem, são do estudo internacional “Limites Legais sobre Plásticos e Microplásticos de Uso Único: Uma Revisão Global das Leis e Regulamentos Nacionais”, elaborado pela ONU Meio Ambiente, em parceria com o World Resources Institute (WRI).
O levantamento, informa a Conexão Planeta, analisou legislações referentes ao plástico em 192 países. Em julho de 2018, 66% deles, ou seja, 127 nações já tinham aprovado leis e restrições, incluindo aí taxas e impostos, sobre o comércio e a distribuição de produtos fabricados com esse tipo de material.
Infelizmente, o Brasil não está entre os 127, constata Suzana. Existe um projeto de lei que restringe uso de plástico no país, mas ele ainda está em tramitação na Secretaria de Apoio à Comissão de Meio Ambiente do Senado.
Plano Nacional
Um Plano Nacional de Combate do Lixo no Mar foi lançado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) no Dia Mundial da Água, 22 de março último, integrando um pacote de medidas dos 100 primeiros dias de governo de Jair Bolsonaro.
Segundo o site do ICMBio, o Brasil possui 274 municípios costeiros defrontantes ao mar ao longo de 17 estados e 8.500 km de costa. O relatório da consulta pública para elaboração do Plano está disponível no site do Ministério do Meio Ambiente.
Foto: Leonardo Merçon/Últimos Refúgios
Fonte: Fernanda Couzemenco | Século Diário