Água e saneamento foram temas muito falados nos vídeos do Brasil Que Eu Quero. No meio da Amazônia, índios festejam a chegada de água pura.
Saneamento básico é uma das maiores carências nacionais e um dos desejos mais repetidos nos vídeos do projeto Brasil Que Eu Quero. Nesta semana, o Jornal Nacional está apresentando uma série de reportagens especiais sobre alguns desses desejos que já se realizaram, que já existem no nosso país. Nós já vimos exemplos na educação e na saúde. Nesta quarta-feira (3), o Vinícius Leal mostra como é perfeitamente possível avançar na questão do saneamento básico.
Água doce em abundância. E tão grande como os rios da Amazônia é o drama de quem está ao lado deles e não vê a água chegar em casa. Os urubus chegam com facilidade, atraídos pelo esgoto que corre pelas ruas.
“A água é meio amarela. Ninguém faz uso da água que vem da rua não”, conta o lavrador aposentado Pedro Alves da Silva. “Se for lavar uma roupa branca nessa água acaba com a roupa. Não presta não. Mancha tudo”, afirma a dona de casa Neusa Brasil.
Na terra, na margem do Rio Tapajós, mora um brasileiro que não aguenta mais ver isso. “Meu nome é Sefraim Santos Matias, eu falo de Itaituba, estado do Pará. O Brasil que eu quero é que respeite a nossa floresta, que respeite a nossa Amazônia. Mas que, fundamentalmente, garanta aos seus moradores vida digna”, pede seu Sefraim no vídeo.
A cidade do Sefraim fica longe de qualquer outra cidade porque está no meio da Floresta Amazônica. Lá, muita gente não tem água tratada em casa nem rede de esgoto. Na comunidade Vila Nova, por exemplo, todos moram em palafitas e o esgoto passa bem em frente. Por que com tanta água doce disponível, ela não chega para as pessoas? É hora de conhecer o Sefraim.
O Sefraim é servidor público, mora com a mãe, irmã, a mulher e o Joseph, o primeiro filho. Em Itaituba, para ter água potável, muitas pessoas precisam buscar em torneiras públicas. Como faz o Erik toda semana: carrinho, galões, e mais de dois quilômetros pela rua, carregando tudo.
“E eu pensei: por que eu não posso também contribuir, com o projeto O Brasil que eu quero? Quero uma Itaituba com água potável, saneamento básico”, diz Sefriam.
A voz do Sefraim se multiplica, como em um coro. No país, a água tratada não chega a 35 milhões de pessoas. A quantidade de brasileiros sem água de qualidade em casa é equivalente às populações do Chile, Bolívia e Paraguai somadas.
A cada três desses brasileiros, dois vivem na zona rural e um na cidade. O tratamento de esgoto não existe para mais de cem milhões, quase a metade de toda a população.
“É fundamental que o governo federal, os próximos governos, o próximo presidente, deem foco primordial para o saneamento, fruto de um desinteresse histórico por esse tema e uma vergonha no ponto de vista de políticas públicas”, afirma Édison Carlos, presidente do Instituto Trata Brasil.
Se o Brasil começasse hoje a investir pesado em saneamento, demoraria, no mínimo, 20 anos para cuidar do esgoto e levar água tratada a todos os lares. É tempo demais para quem já espera uma vida toda.
O JN levou o Sefraim para conhecer um projeto sustentável, na Amazônia mesmo, para se obter água. O destino é a cidade de Santarém.
A terceira maior cidade do Pará está a 369 quilômetros de Itaituba. No encontro do Rio Tapajós com o Rio Amazonas. Um espetáculo.
Na aldeia Solimões, na reserva extrativista Tapajós-Arapiuns. Os índios cumaruara celebram a chegada da água pura. A origem? Um poço de 65 metros. A bomba é movida a energia solar. Do alto, a água já desce encanada para as casas, por gravidade, e atende aos 248 moradores da comunidade.
“Prontinha para beber, uma água cristalina, mineral. Sobrando água, graças a Deus”, diz Leno, o cacique da aldeia. “Serve para tomar banho, escovar dente, para lavar roupa”, conta Maria Elisabeth, de 9 anos.
Fonte: www.g1.globo.com/jornal-nacional