Pedido acontece devido à contaminação dos peixes por metais pesados
Um dia depois de autoridades estaduais e federais recomendarem que a pesca no Rio Doce continue interrompida na região da foz, o Ministério Público Federal (MPF) pediu a ampliação da área de proibição dessa atividade devido à contaminação por metais pesados.
Essa interdição deve ser implementada imediatamente pelos ministérios da Agricultura e Meio Ambiente, segundo sustenta a Força-Tarefa que investiga o desastre socioambiental da Samarco causado pelo rompimento da Barragem do Fundão (Mariana, MG).
O MPF expediu recomendação a diversos órgãos públicos e às empresas Samarco, Vale e BHP Billiton para que adotem medidas para resguardar a saúde da população, o meio ambiente e os profissionais que têm como sustento a pesca no Rio Doce e sua foz.
Um relatório preliminar apresentado por pesquisadores ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), na última quarta-feira em Brasília, aponta a contaminação – por metais pesados como arsênio, chumbo e cádmio – da água, dos sedimentos e dos organismos vivos nas regiões de Barra Nova (São Mateus/ES); Banco de Abrolhos (ao norte) e Unidade de Conservação Costa das Algas e Refúgio da Vida Silvestre (RVS) de Santa Cruz (ao Sul).
Após os laudos preliminares de presença de metais tóxicos em peixes e crustáceos no Rio Doce, o ICMBio e Ibama recomendaram a manutenção preventiva da proibição da pesca na região costeira determinada pela Justiça. A área atingida pela restrição vai da Área de Proteção Ambiental (APA) Costa das Algas (norte do Espírito Santo) até o Parque Nacional Marinho de Abrolhos (sul da Bahia). A pesquisa analisou a foz do rio e o mar, mas não houve análise em todo o Doce.
Segundo o MPF, a ampliação deve ser provisória até que, no prazo de 15 dias, o poder público indique a necessidade de estender a área de proibição além da que é objeto de ação civil pública em curso na Justiça Federal de Linhares, região entre Barra do Riacho (Aracruz/ES) e Degredo/Ipiranguinha (Linhares/ES).
O MPF também recomendou que, no prazo de 48 horas, a Samarco, o Ibama, o ICMBio e o Iema promovam ampla publicidade aos estudos, ainda que preliminares, da ecotoxicidade dos organismos já coletados pela Samarco. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deverá controlar a comercialização de pescados na área citada.
Foz do Rio Doce foi tomada por lama de rejeitos
Fonte: www.gazetaonline.com.br