Nas últimas décadas enfrentamos problemas com o excesso de resíduos sólidos no planeta e seu impacto no meio ambiente e na vida da população. Existe uma preocupação e várias medidas que focam no reuso e reciclagem para controle do volume do lixo, com uma fiscalização das agências estaduais de proteção ambiental e punições correspondentes. Mas existem pequenos geradores de resíduos que precisam igualmente do rigor de fiscalização não pelo seu volume, mas pelo risco que a natureza de seus resíduos impõe ao meio ambiente.
Como exemplo podemos citar os rejeitos químicos gerados por laboratórios de instituições de pesquisa e ensino. Eles geram poucos resíduos, mas é grande o número deste tipo em nossa sociedade, com natureza variada. São metais pesados, solventes halogenados, radioisótopos e material infectante e outras substancias perigosas que exigem um programa eficiente de gerenciamento de resíduos.
Três coisas são importantes para a implementação e manutenção de um programa de gerenciamento de resíduos sólidos químicos. A primeira é que é preciso não só minimizar o volume de resíduos gerados, mas também atribui um valor máximo na concentração de substancias tóxicas no efluente final, de acordo com a Resolução CONAMA 20. Outro procedimento importante é descrever cada resíduo produzido na unidade geradora acondicionados e rotulados adequadamente, pois não se pode gerenciar aquilo que não se conhece. O terceiro fator é que o gerador do resíduo é o responsável por ele, e deve se encarregar da sua destinação final.
A lógica de todo gerenciamento de resíduos começa com a minimização na fonte geradora. Sempre que possível deve haver a substituição dos reagentes perigosos ou mudanças nos procedimentos experimentais, segregação dos resíduos, procedimentos de reutilização, recuperação e tratamento “in loco”, e redução na quantidade de utilização de substancias perigosas.
A segregação de resíduos deve ocorrer de forma que se definam categorias de resíduos de acordo com suas características físico-química das substancias, periculosidade e destinação final. É importante que se verifique a compatibilidade química das substancias que compõe os resíduos. Segundo as normas do Manual para Gerenciamento de Resíduos Químicos, o tratamento de resíduos poderá ser feito no próprio laboratório, seguindo as regras de segurança.
Após o tratamento, deve ser feito o armazenamento provisório do resíduo em local adequado, dentro do próprio laboratório. As substancias podem ser colocadas em frascos de vidros ou polietilenos, de acordo com a compatibilidade do resíduo. Os recipientes metálicos, por exemplo, não podem entrar em contato com produtos corrosivos ou reativos.
O responsável pelo laboratório deve então, solicitar recolhimento de resíduos, nos laboratórios, em data marcada, periodicamente. Todos os resíduos devem estar devidamente segregados e acompanhados de rótulos e fichas de caracterização. E assim, devem ser encaminhados para a destinação final, de acordo com as normas da resolução n° 357 do CONAMA e a NBR 10.004:2004 da ABNT.
As regras de gerenciamento de resíduos sólidos devem ser mais criteriosamente estudadas, é claro. Elas são imprescindíveis para um funcionamento de laboratórios de maneira segura e responsável. As unidades geradoras de resíduos também devem estar atentas para salubridade, preservando a saúde do trabalhador, como manda os padrões determinados pelo Ministério do Trabalho.
*Hiram Sartori é Engenheiro Sanitarista, possui doutorado em Engenharia Civil e atua como consultor e professor do Ensino Superior.
Site: hiramsartori.com.br
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Fonte : www.saneamentobasico.com.br