Coletas começam na próxima semana e os primeiros dados saem em até 60 dias; informações específicas sobre os bairros devem ser divulgadas até o final deste ano
Quando estiverem prontos, os dados sobre a presença do novo coronavírus no sistema de esgoto ficarão disponíveis para toda a população capixaba por meio de um aplicativo. A expectativa é que as informações relativas aos bairros da Grande Vitória sejam divulgadas até o final deste ano.
Anunciado nesta segunda-feira (14) pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), o estudo ainda está em fase de compras de materiais. As coletas devem começar na próxima semana, em redes de hospitais de referência para o Covid-19. Essas primeiras análises devem sair entre 30 e 60 dias.
“São análises moleculares, feitas com base no material genético do vírus, chamado de RNA. Fazemos uma espécie de exame de paternidade entre o esgoto e o novo coronavírus, para verificar a presença e a concentração dele naquela coleta”
Servio Túlio Cassini – Microbiólogo, coordenador do laboratório de análises do Centro de Pesquisa, Inovação e Desenvolvimento (CPID) e professor do departamento de engenharia ambiental da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes)
A partir das amostras dos esgotos hospitalares, espera-se chegar a uma metodologia específica para o estudo. A partir daí, os integrantes da equipe iniciarão a coleta de amostras em bairros da Região Metropolitana de Vitória. Os resultados podem auxiliar o Governo Estadual na tomada de medidas.
“Se a concentração estiver muito alta em uma determinada rede de esgoto, significa que aquela região tem muitos casos de infecção. Ou seja, acaba sendo uma forma de testar a população, no sentido de verificar se um bairro está muito ou pouco contaminado”
Servio Túlio Cassini – Microbiólogo, coordenador do laboratório de análises do Centro de Pesquisa, Inovação e Desenvolvimento (CPID) e professor do departamento de engenharia ambiental da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes)
Por isso, o pesquisador defende que esta será mais uma maneira do Estado avaliar o grau de contaminação dos capixabas, sem precisar gastar dinheiro com testes. “Isso pode se transformar em uma ferramenta muito valiosa para flexibilizar as ações de uma região, por exemplo. Essa é a nossa proposta”, afirmou.
Financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes), a pesquisa tem um custo de aproximadamente R$100 mil e contará com aparelhos de análise do Centro de Pesquisa, Inovação e Desenvolvimento (Cpid). A expectativa é que as coletas sejam feitas semanalmente para acompanhar a evolução da pandemia.
A ORIGEM E OUTROS BENEFÍCIOS
Resultado da parceria entre o Governo do Estado e a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), os pesquisadores terão a ajuda de alunos da instituição. O estudo foi inspirado por outros já realizados na Holanda e na Austrália, país com o qual é mantido contato para troca mútua de conhecimentos.
Conforme explicado pelo professor Cassini, esse tipo de projeto faz parte de uma área de chamada de “epidemiologia baseada no esgoto”, já utilizada para estudar doenças como caxumba e cólera. “O interessante é que essa metodologia pode servir para outras doenças virais e bacterianas”, garantiu.
Fonte: A gazeta