Estudo do Instituto Trata Brasil evidencia a ineficiência do país no controle de perdas de água, enquanto 32 milhões de habitantes vivem sem o recurso
No Dia Mundial do Meio Ambiente, 5 de junho, o Instituto Trata Brasil, em parceria com a consultoria GO Associados, divulgou o estudo de “Perdas de Água 2024 (SNIS, 2022): Desafios na Eficiência do Saneamento Básico no Brasil”, que visa analisar o impacto do desperdício do recurso hídrico em âmbitos socioeconômicos e ambientais.
No Brasil, cerca de 32 milhões de pessoas enfrentam a falta de acesso à água tratada. A situação torna-se ainda mais alarmante quando se considera o alto índice de perdas na distribuição, onde 37,78% da água é desperdiçada antes de chegar às residências brasileiras. Entre as causas dessas perdas, destacam-se vazamentos, erros de medição e consumo não autorizado.
Segundo o estudo, o volume total de água não faturada em 2022, aproximadamente 7,0 bilhões de m³, equivale a quase 7.636 piscinas olímpicas de água tratada desperdiçadas diariamente ou mais de sete vezes (7,1) o volume do Sistema Cantareira – o maior conjunto de reservatórios do estado de São Paulo.
Esses desperdícios trazem impactos negativos ao meio ambiente, à receita e aos custos de produção das empresas, elevando o custo do sistema como um todo e prejudicando todos os usuários.
Para compreender o impacto do controle de perdas, considerando-se somente as perdas físicas (vazamentos), o volume (mais de 3,6 bilhões de m³) seria suficiente para abastecer aproximadamente 54 milhões de brasileiros em um ano. Esta quantidade não somente equivale a mais de um quarto da população do país em 2022, mas também supera o número de habitantes sem acesso ao abastecimento de água nesse ano, que gira em torno de 32 milhões.
Além disso, com esse mesmo volume, seria possível abastecer os 17,9 milhões de brasileiros que vivem em favelas por mais de três anos.
Para alcançar este cenário, será necessário o fomento de políticas públicas, projetos e inovações, além de aumentar e acelerar o ritmo dos investimentos para atingirmos a meta estabelecida pela Portaria 490/2021 de se alcançar 25% de perdas na distribuição até o ano de 2034. A universalização do saneamento passa pelo controle de perdas, pois a redução do desperdício significa mais recurso hídrico para a população brasileira que ainda carece de água para viver dignamente.
Ademais, a redução dessas perdas traria benefícios ao meio ambiente, aumentando a disponibilidade de recursos hídricos para a população sem a necessidade de captação em novos mananciais. Em face das mudanças climáticas, os desafios para a disponibilidade hídrica nos mananciais tornam-se cada vez mais evidentes.
“Além de afetar o abastecimento de água dos habitantes, esse desperdício exacerbado resulta em impactos ambientais severos, uma vez que os efeitos das mudanças climáticas, como vemos na tragédia vivida pela população do Rio Grande do Sul, estão cada vez mais presentes no país, afetando diretamente a disponibilidade hídrica para a população. Esforços e investimentos em redução de perdas de água são necessários para mitigar os impactos climáticos, promover maior segurança hídrica e fortalecer a infraestrutura das cidades.”– analisa Luana Pretto, Presidente-Executiva do Trata Brasil.
Fonte: https://tratabrasil.org.br/piscinas-olimpicas-agua-desperdicadas-brasil/