Apesar da chuva, ES vive ‘escassez permanente de água’, aponta doutor

Apesar da chuva, ES vive ‘escassez permanente de água’, aponta doutor

Chuva trouxe alívio para o estado, mas cenário de atenção continua.
Para doutor em saneamento, mudanças acontecerão em várias escalas.

As chuvas do mês de novembro trouxeram alívio para o Espírito Santo, que passava por uma das piores estiagens dos últimos 80 anos. O nível dos rios subiu, o racionamento foi suspenso na maioria das cidades, mas a crise hídrica está longe de ser superada.

Para professor de Engenharia Ambiental da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e doutor em saneamento, Ricardo Franci, o estado vive uma situação de escassez permanente.

 

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“A crise hídrica no Espírito Santo equivale a de outras cidades brasileiras de grande porte e que já dura mais de uma década. De acordo com estudos feitos por instituições públicas e privadas, há um cenário de escassez, eu diria permanente”, afirmou.

Segundo o especialista, as chuvas que caíram nas últimas semanas não chegam nem perto de resolver o problema. O que falta é planejamento.

“As cidades brasileiras crescem sem um planejamento urbano adequado e essa situação tem um impacto direto naquilo que chamamos de ciclo urbano da água. Pelo fato da gente não planejar, não projetar, construir, operar e manter de maneira muito eficiente, o impacto é esse. O que estamos vivendo hoje é um ciclo urbano da água desbalanceado, portanto doente”.

Franci explica que para resolver o problema é preciso atuar em três esferas dos recursos hídricos: na escala micro – que são as casas e edificações; escala meso – a cidade; e escala macro – as bacias hidrográficas.

Na escala micro, o professor sugere que todas as edificações deveriam ser sustentáveis. Uma edificação que exija menos água, que produza menos esgoto, que consuma menos energia, que use materiais recicláveis.

“Parece pouco, mas só o fato de projetarmos uma edificação que consuma menos água, traz uma economia de 40 a 50%. A economia em termos financeiros é imediata, porque vai pagar menos tarifa. tem também o benefício sistêmico: se todas as edificações consumissem 50% menos água, a gente cortaria a demanda que hoje está muito alta pela metade”, explicou Franci.

Essa mudança sugerida nas novas construções de casas e edificações resultaria em uma menor coleta de água dos rios, o que preservaria o manancial, além de gerar menos esgoto, dando menos impacto ao meio ambiente.

 

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O que o poder público pode fazer

O primeiro passo, segundo Franci, é criar leis para exigir que todas as novas construções sejam preparadas para receber água potável e não potável. Atualmente, as casas e prédios têm um sistema hidrossanitário que só recebe água potável.

“Se eu quiser aproveitar a água de chuva, que na nossa região tem uma qualidade maravilhosa, para dar descarga, encher uma piscina, limpar a casa, as instalações hidráulicas da minha casa não permitem isso, porque foi construída com tecnologia do século XX”, explicou.

Com essa mudança, seria possível reaproveitar a água da chuva, de condensação (que sai de ar condicionado, por exemplo), além de tratar água cinza, que pode ser reutilizada. “Se a edificação não for construída assim, não vai ter essa opção. A gente precisa legislar sobre isso. Todas as construtoras deveriam construir seguindo esses conceitos e não usando tecnologia do século XX”, completou.

Mudança do quadro
Franci destaca que é a tecnologia que vai contribuir para a mudança do quadro de escassez permanente.

“Se você vai construir, use a tecnologia moderna. Se você trabalha em uma empresa de saneamento, estude, se atualize. O desconhecimento gera a ineficiência. Finalmente, temos o aspecto legal. Nós precisamos criar um arcabouço legal para que isso não venha a acontecer de novo. Porque vai acontecer”, pontuou.

O que diz o governo do estado
A Agência Estadual de Recursos Hídricos do estado (Agerh) explicou que o estado atravessa a pior crise hídrica da história. A falta de chuvas fez com que as vazões dos rios diminuíssem muito, atingindo níveis críticos, comprometendo até o abastecimento.

O que choveu em novembro fez aumentar consideravelmente a vazão dos rios, mas não o suficiente para atingir a média histórica. A situação melhorou, no entanto, o estado segue em cenário de atenção.

A orientação é de que a população continue fazendo uso racional da água, evitando desperdícios. Na agricultura, métodos sustentáveis de irrigação devem ser implantados.

Sobre a previsão para a crise hídrica ser superada ou por quanto tempo o volume de chuvas consegue resolver o problema, a Agerh informou que não é possível fazer esse tipo de estimativa.

 

Fonte: www.g1.globo.com

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